A prefeitura não tem um balanço da situação do asfalto nos milhares de quilômetros de ruas da cidade. Mas, conforme o secretário de Obras, Tubias Calil, boa parte dos buracos não foi causada pela prefeitura.
- Eu garanto que 60% dos buracos não são culpa da prefeitura. Nós admitimos responsabilidade em parte do problema - diz Tubias.
Para isso, o secretário enumera uma lista de empresas e órgãos que, segundo ele, abrem buracos no asfalto e não o consertam de maneira adequada. Os responsáveis: Corsan, empresas de energia elétrica, telefonia, TV por assinatura, construtoras e particulares.
- Muitas vezes, o buraco é tapado com material de baixa qualidade e de maneira inadequada - reclama.
Mas o secretário admite falhas do governo em fiscalizar essas intervenções.
O principal gargalo para o ponto ressaltado por Tubias começa dentro da própria prefeitura: além da Secretaria de Infraestrutura, Obras e Serviços, outras três pastas liberam empresas para fazer intervenções em calçadas e ruas. Com isso, a prefeitura perde o controle da ação das empresas e, consequentemente, tem dificuldade em fiscalizá-las.
Por isso, o governo quer organizar o serviço. Em até 30 dias, a Secretaria de Infraestrutura deve centralizar o trabalho de licenciamento e a fiscalização de buracos.
- Com mais pessoal e controle, teremos mais ação para cobrar o conserto com rapidez e agilidade - justifica Tubias.
Por isso, a prefeitura quer mudar a abordagem em relação ao problema.
- Cerca de 60% do asfalto da cidade está vencido e precisa ser refeito. Vamos começar a fazer isso de maneira gradual.
Especialista aponta que gestão
é o primeiro passo para o problema
As primeiras ações já começaram. Recentemente, a prefeitura refez o asfalto na Rua Duque de Caxias, entre a Niederauer e a Avenida Presidente Vargas. Por isso, inclusive, uma intervenção da Corsan para troca da rede de água teve de ser feito pela calçada para preservar o asfalto novo.
- A gente tem um custo alto. Faz algo novo e, dias depois, alguém vai lá e abre. Assim, fica difícil resolver o problema - explica Tubias.
Para o professor de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), com doutorado em pavimentação, Deividi da Silva Pereira, a iniciativa da prefeitura é louvável, mas não deve resolver totalmente o problema. Ele ressalta que nem todos os defeitos na pavimentação urbana têm essa origem, como a da intervenção das empresas. Muitos deles são advindos do processo de degradação natural dos pavimentos.
- Não existe solução mágica. Existem procedimentos técnicos e de gestão para minimizar esses problemas - aponta.
Para isso, o professor cita a criação de um sistema de gerenciamento de pavimentos, realizado por técnicos que identifiquem o problema de cada rua e apontem soluções. Com isso, a prefeitura faria um mapeamento detalhado das vias de tráfego com problemas e, a partir disso, priorizaria aquelas que necessitam de uma intervenção mais urgente, conforme sua receita orçamentária.
Contraponto
AES Sul
_ A empresa alega que não fez intervenções em ruas asfaltadas e em nenhum outro tipo de pavimentação de vias
Corsan
_ O superintendente regional da Corsan, Júlio Cesar do Espírito Santo, diz concordar em partes com os apontamentos da prefeitura. Ele disse que "às vezes, isso ocorre". Mas ressalta que não são só buracos da Corsan. Ele garante que a empresa trabalha com seriedade e tem um setor próprio de fiscalização para resolver esse tipo de problema. Ele salienta ainda que, no momento, a empresa investe R$ 3,8 milhões em Santa Maria para substituir 19 quilômetros da rede, inclusive no trecho da Duque de Caxias
Sinduscon/sm
_ O presidente do Sinduscon/SM, Evandro Zamberlan, concordou em partes com a posição da prefeitura. Ele salienta que as construtoras traba"